5 de abril de 2012

Agua Para Poucos

Por * Osvaldo Coelho
Ao refletir sobre o uso da água no semiárido, é preciso confessar que ainda sou otimista quanto às transformações que devem acontecer em nossa região. Apesar de constatar que as mudanças feitas pelo atual governo não trazem boas perspectivas.
Vejamos o que aconteceu: o Governo Jarbas foi aconselhado a criar a Secretaria de Recursos Hídricos. Obteve bons resultados. Pôs em foco o secular problema da falta d’água. Saiu-se muito bem o secretário Ciro Coelho. Foram quase mil quilômetros de adutoras.
O atual governo tirou a escassez d’água do foco. Fez muito mal. Colocou os recursos hídricos na secretaria de Saneamento. Uma insensatez.
A água no semiárido não pode ser menos essencial. As ações de saneamento atropelam os problemas da falta d’água.
As adutoras paradas, os projetos abandonados, as barragens esquecidas. Chegou a seca, devorando as plantações e aumentando a falta d’água. Os governos, federal e estadual são indiferentes. Nem irrigação, nem adutoras, nem barragens, nem barreiros, nem barragens subterrâneas, nem poços amazonas.
Está fazendo falta a secretaria de Recursos Hídricos. Os pequenos barreiros estão entupidos de lama. Onde está o Governo Estadual para socorrer os necessitados de água?
No início deste mês de março, o jornal Valor Econômico anunciou o lançamento de um programa do governo do Rio Grande de Sul para triplicar a área irrigada no Estado até 2014 em decorrência da seca ocorrida naquele Estado. Essa notícia me fez comparar outra vez o tratamento desigual que é dado à nossa região.
Em Pernambuco, há um modelo contraditório. Aqui, dez anos parados na irrigação; parados até os projetos em fase de conclusão – exemplo, o projeto Pontal no Sertão (Petrolina).
No Rio Grande do Sul, uma seca reclama mais 300 mil hectares para um estado já servido por um milhão e duzentos mil hectares. Pernambuco tem 70% de semiárido e um modelo econômico que ignora a irrigação. Isso vai ser reprovado pela sensatez de outras gerações.
Pernambuco vive secularmente de seca. O melhor antídoto para a seca é a irrigação. Por que há dez anos a irrigação foi paralisada? Por que os que estão no poder condenam a irrigação?
Há algum tempo, já se comentava que o País seria em 20 ou 30 anos uma potência agrícola e tecnológica. Este anúncio se relaciona com a informação de que o conjunto da agricultura brasileira ocupa cerca de 20%, apenas, do total das terras que podem ser exploradas para a produção. Para chegar a ser uma grande potência, precisamos fazer mais e melhor.
Aqui em minha cidade, o meu sertão, as minhas caatingas fazem parte do semiárido. A região é muito árida e a vida é muito dura, sobretudo para o homem que não tem irrigação. As barragens têm de ser objeto de carinho e consideração muito especiais do Governo, que deve ser devotado a essa gente, à sua vida e às suas necessidades.
Continuo a sonhar com um Brasil mais equânime, que precisa de justiça e melhor distribuição de renda.
* Osvaldo Coelho foi deputado federal e secretário da Fazenda de Pernambuco

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