7 de novembro de 2009

A revista Isto É desta semana destaca o Projeto de autoria de Zé Pereira, porém deturpa o objetivo do vereador

Os gays do cangaço

Com espingardas falsas, maquiagem e muita purpurina, o Cangagay enfrenta resistência na cidade natal de Lampião

No imaginário popular, cantado nos cordéis, os cangaceiros são a mais fiel tradução do "cabra macho, sim senhor". Mas um grupo de nordestinos resolveu subverter essa história, justamente na cidade natal do mais famoso deles, Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião. No sertão pernambucano, os 80 mil moradores de Serra Talhada conheceram, no mês passado, o grupo Cangagay - nome que resulta da junção das palavras cangaceiro e gay. São dez homossexuais que vestem as roupas de couro do cangaço, só que tingidas de rosa e ornamentadas com flores e detalhes em lilás, usam maquiagem e, claro, abusam de purpurina. Também andam armados - mas de espingardas falsas e cor-derosa. Eles estrearam na primeira Parada Gay da cidade, para "protestar contra a discriminação por opção sexual", como explica Elio do Nascimento, 35 anos, estilista e um dos criadores do grupo. "Não desejamos desrespeitar ninguém, muito menos Lampião. É apenas humor".
A intenção não foi entendida assim por alguns vereadores locais e um deles, José Pereira, do Partido dos Trabalhadores (PT), apresentou projeto tornando os trajes de cangaceiros um símbolo oficial de Serra Talhada (a 415 quilômetros da capital, Recife), que não pode ser tratado de forma "pejorativa", sob pena de prisão. "A população se sentiu desrespeitada", disse Pereira. "Nenhum dos participantes da parada conheceu Lampião para dizer se seus seguidores eram gays ou apoiariam essa situação."
O projeto vai a votação na segunda-feira 9, mas, independentemente do resultado, tudo indica que a celeuma irá continuar. A vereadora Penha Oliveira, do Partido da República (PR), discorda que o traje do grupo seja ofensivo. "O autor tem que esclarecer o que é pejorativo. Não vi nada de desrespeitoso no desfile gay", defende. Para o coordenador do Cangagay, a defesa de Lampião não passa de bode expiatório. "Vão acabar nos proibindo de usar a roupa porque essa polêmica é, na verdade, apenas um pretexto para manifestar o preconceito", acredita. O vereador Pereira assume que sua revolta não está voltada apenas para o Cangagay. "Se eu pudesse, proibia a Parada Gay. É viado beijando viado, um mau exemplo para as crianças", diz ele. A julgar pelo sucesso do grupo na Parada Gay, o sertão mudou muito mesmo: tudo indica que os moradores querem que o Cangagay volte a alegrar Serra Talhada.


FONTE:http://www.terra.com.br/istoe/edicoes/2087/artigo155533-1.htm

Um comentário:

Robervan Ernandes Silva disse...

Como seria a sociedade sem os Gays? Cite alguns bons exemplos essenciais que sem eles a sociedade não seria possível!!
São todos inuteis e desocupados.